Equaleft – “Momentum”

 

Data: Outubro/2024

Edição: Raising Legends / Raging Planet

Formato: Álbum

A capital do norte de Portugal brinda-nos com uma panóplia de géneros musicais desde o rock, jazz, fado, heavy metal, hip hop, entre outros. Poucas são as bandas da atualidade que ambicionam congregar e integrar uma diversidade de estilos e, paralelamente, não perder a sua raiz identitária.

Os Equaleft, da cidade do Porto, trazem-nos o seu mais recente disco após cinco anos do lançamento de We Defy (2019) ter marcado presença em mercado nacional. Momentum (2024) vem cristalizar a sua experiência adquirida ao longo de mais de vinte anos de carreira com um álbum orgânico, genuíno, eclético e bem mais pesado. Miguel Inglês, Bernardo Malone, Nuno Veggy, André Matos e Gaspar Ribeiro decidiram (re)inventar um pouco a fórmula do grupo com dez faixas repletas de groove, thrash e uma sólida pitada de death metal com outros elementos. Se em We Defy (2019) tínhamos uma sonoridade destes portugueses a soar a The Dillinger Escape Plan e Meshuggah, Momentum (2024) alude-nos a uns Equaleft com algumas influências de thrash metal dos Machine Head em The Blackening (2007) ou até mesmo a essência groove dos Lamb of God, com os incontornáveis Ashes of the Wake (2004) e Sacrament (2006). Neste terceiro e tão aguardado disco, é notável a voz de Inglês que oscila entre tons bem mais guturais com alguns agudos, sobretudo em faixas como “And It Will Thrive”, “Here & Now” e “Fury”, e que combinam perfeitamente com os restantes instrumentos. A bateria de Gaspar em “Wavering” e “Outburst” reflete, uma vez mais, a sólida experiência e perícia do nortenho, que por sua vez também é solicitado a tocar em outras bandas portuguesas de metal. Em “Converge & Create”, conseguimos escutar a destreza dos riffs de guitarra de Malone e Veggy e que não deixam esmorecer o ADN pelo qual são reconhecidos os Equaleft, e o baixo de André Matos que funciona como o motor principal e alimenta os restantes instrumentos ao longo dos 40 minutos puros de peso e brutalidade.

Gravado nos estúdios da Raising Legends e produzido pela própria banda, o quinteto recorreu a Max Tomé (Colosso, Axia e Holocausto Canibal), para a respetiva mistura e masterização. Indubitavelmente, um álbum que apresenta uma maior complexidade sonora, cujas letras tiveram a curadoria de Miguel Inglês e o conceito artístico por parte de Bernardo Malone e restantes membros. Embora haja uma pequena alteração na banda com a saída de Miguel Martins (guitarra) e a recente entrada de Nuno Veggy, que ocorreu durante o processo de gravação, o álbum incorpora o lastro de ambos os músicos e permite, assim, novos e criativos contributos. Momentum (2024) contou com importantes apoios editoriais da Raising Legends e Raging Planets, que culminou num disco único, coeso e que permite ao grupo carregar o estandarte musical português em qualquer festival mundial de heavy metal.

André Neves

Nota da Review: 9
Nota da Equipa: ainda não disponível