Texto: António Mota.
Edição Vídeo: Carlos Guimarães.
Captação Vídeo: António Mota e Nuno Reis.

Na noite do passado dia 12 de outubro, o Bourbon Room, no Porto, foi o palco de uma das noites mais energéticas e intensas da cena metal portuguesa de que me recordo nos últimos tempos. Quatro bandas, três delas da Invicta, a trazerem o peso e a fúria para uma casa muito bem composta. O ambiente estava carregado de energia, com fãs a encherem a sala para testemunhar as atuações poderosas de Spitgod, Grindead, Pitch Black e Equaleft.

Infelizmente, não chegámos a tempo de ver a primeira banda da noite, os Spitgod, mas sabemos que a performance não passou despercebida. O Nuno Reis, sempre atento às grandes oportunidades de captar a essência do metal, conseguiu tirar umas belas fotos da atuação dos Spitgod, que estão aqui disponíveis.

A segunda banda a subir ao palco foram os brutais Grindead que já têm uma considerável base de fãs na cena underground do Porto. O seu som, uma fusão intensa de death metal com grindcore, não deu descanso ao público, com riffs poderosos, uma bateria demolidora e o carismático Luís Gonçalves a comandar as lides, com a sua voz poderosa, algo a que já nos habituou. A banda deu o seu máximo em palco e presenteou-nos com um belo reportório, de onde destacamos temas como “Castaway”, “Turn Black” ou “Malignant Faith” de “Culture Decline Machines Arise”, o seu último trabalho de estúdio, e que fizeram as delícias dos headbangers na sala, mostrando que conhecem bem o trabalho dos Grindead. Pelo meio, houve ainda tempo para revisitar os lendários Genocide, um momento que não foi indiferente, principalmente para o público mais old school.

Depois foi a vez de Pitch Black trazerem o seu inconfundível thrash de qualidade extrema ao palco Bourbon, transportando o público para uma autêntica viagem ao inferno. A banda veterana da cidade do Porto voltou a provar porque é que o seu nome é sinónimo de qualidade no panorama nacional e porque é que têm tantos fiéis seguidores. À energia que já os caracteriza e a um alinhamento que revisitou clássicos como “Divine Not Human”, “Unleash the Hate” ou o intemporal “Pitch Black” o público respondeu com headbanging constante e alguns coros em uníssono a acompanhar as vozes do Quaresma e do Álvaro. Mais uma atuação frenética que mostrou porque é que os Pitch Black são daquelas bandas que nunca nos cansamos de ver ao vivo!

A grande expectativa da noite, no entanto, estava reservada para os Equaleft, que aproveitaram o concerto para apresentar o seu mais recente álbum, “Momentum”. A banda subiu ao palco com um novo elemento na guitarra, o Nuno Veggy e, sob uma ovação calorosa, ficou claro desde o primeiro acorde que o público estava ansioso para ouvir os novos temas ao vivo. E os Equaleft não fizeram por menos, tocaram o novo álbum na íntegra e ainda houve tempo para revisitar alguns clássicos da banda. O som dos Equaleft, caracterizado por uma mistura de groove metal com uma abordagem técnica apurada, trouxe um dinamismo único à noite. “Momentum” revela ser um trabalho maduro e intenso, com faixas como “And it Will Thrive” ou “Wavering” (tema de abertura do álbum) a ganharem uma nova dimensão em palco, com uma execução poderosa e emotiva.

O Miguel Inglês, sempre carismático e comunicativo, agradeceu várias vezes ao público pelo apoio constante e pela presença numerosa naquela noite especial. Durante a atuação, o público foi imparável, acompanhando cada riff, cada breakdown, e fazendo ecoar os gritos de “Equaleft!” entre os temas. A plateia correspondeu ainda com alguns mosh pits ferozes e vários stage divings, refletindo a energia que emanava do palco.

Pelo meio, houve tempo para alguns convidados como o Paulo Rui (Besta, Redemptus) no vertiginoso tema “To step”, Marco Fresco (Tales For the Unspoken) e Tiago Maglor (ex-Equaleft) no tema “Invigorate” e o Miguel Martins (Ex-Equaleft) nos temas “Strive” e “Fury”.

A entrega da banda foi total, culminando num final apoteótico com “We Defy”, onde, por momentos, receei que o Bourbon viesse abaixo! A noite terminava com o público a pedir mais, mas o horário do evento tinha de ser cumprido e restava-nos comer os habituais húngaros.

Foi, sem dúvida, uma noite memorável para o metal nacional e mais um marco na carreira destas quatro bandas que continuam a provar o seu valor e a fazer vibrar os amantes do metal no Porto.