Pedro Serpa, o Alkimista, regressa com “Viagem”, o seu terceiro álbum, muito intimista, que nos convida para uma odisseia lírica, onde o mar, lugar comum, (quem nunca tirou um momento para se sentar e o contemplar deixando sair reflexões e desejos?), surge como metáfora da vida em constante mutação e movimento, e a saudade se revela como a bússola  que guia cada tema, entrelaçando-se em paisagens sonoras Doom, muito envolventes, numa jornada musical composta por 12 temas, que nos transportam para um universo introspetivo, onde as memórias e emoções se dissolvem na imensidão do oceano, trazendo o brilho da composição e da interpretação.

“Despedida”, abre as portas num formato maioritariamente acústico, acompanhado pelo bater das ondas do mar e por um dobrar de sinos, que cria um ambiente que traz à flor da pele emoções intensas, como a esperança, o medo, a tristeza, o orgulho e a saudade.

A participação de Rita Correia que dá voz em alguns temas, como “Cartas I”, “Deriva” e “Coração de Âmbar” dá um cunho emocional extra à textura musical criada, soa como a cereja no topo do bolo, elevando o nível sonoro.

Por entre muitos temas que poderia destacar por aqui, deixo uma nota especial para “Estranho em Mim”, fazendo lembrar em alguns momentos as estruturas musicais ao estilo Pink Floyd: um andamento inicial narrativo, melódico q.b. que parte lentamente para o peso da essência sonora de todo o disco. São pouco mais de 7 minutos brilhantes, acreditem!!!

Pedro Serpa, é um multi-instrumentista, produtor e vocalista e “Viagem” sente-se que é uma obra meticulosamente pensada e executada, onde a sofisticação se entrelaça com a força bruta e onde cada detalhe contribui para nos fazer viver de forma contemplada, uma experiência única através de uma audição recheada de passagens sonoras muito criativas que coexistem harmoniosamente com riffs pesados e opressivos…uma alquimia musical!

Por último é importante falar na capa, concebida e desenhada pelo próprio Pedro Serpa. A arte do disco apresenta um Kraken, mais um simbolismo metafórico para este disco, reflexo da estética autoral e identidade impressa em nesta “Viagem”.